O Banco Central reduziu em 1,0 ponto percentual a taxa básica de juro brasileira, para 9,25 por cento ao ano. A decisão, tomada por seis votos a dois, colocou a Selic em um dígito pela primeira vez na história.
O quarto corte sucessivo do juro básico repetiu o ritmo da última decisão e foi mais agressivo que o esperado pela maioria dos analistas, principalmente depois da divulgação de uma contração menos severa da economia brasileira no primeiro trimestre.
Mas, em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou que eventuais cortes adicionais da Selic serão menos agressivos a partir de agora.
"Levando em conta que mudanças da taxa básica de juros têm efeitos sobre a atividade econômica e sobre a dinâmica inflacionária que se acumulam ao longo do tempo, o comitê concorda que qualquer flexibilização monetária adicional deverá ser implementada de maneira mais parcimoniosa", afirmou o Copom após a decisão desta quarta-feira.
Os dois votos dissidentes defendiam um corte menor da Selic, de 0,75 ponto percentual, informou o BC.
"Foi uma surpresa, uma vez que os números já mostram uma recuperação (da economia) e a inflação vem apresentando alguma rigidez. O BC deve ter olhado para o hiato do produto, o comportamento da capacidade instalada e que não haverá problema com a inflação", comentou José Carlos Faria, economista-chefe do Deutsche Bank.
"O comunicado reforça a expectativa do mercado de que ele deve aliviar o ritmo de cortes em julho."
Na terça-feira, após o anúncio de que o Produto Interno Bruto brasileiro se contraiu menos do que o esperado por analistas no primeiro trimestre, a curva de juros futuro mostrou uma elevação das apostas de corte de 0,5 ponto.
"O Copom deu sinal desencontrado ao mercado. Ao mesmo tempo em que cortou o juro de forma mais agressiva do que o mercado esperava, mostrou que novos cortes mais para a frente serão mais difíceis", afirmou Tatiana Pinheiro, economista do Santander.
"Isso significa que eles podem estar vendo a atividade econômica mais fraca do que o mercado e um cenário de inflação mais tranquilo."
Com a decisão, a taxa caiu ao menor nível desde que a Selic passou a ser usada como meta da política monetária, em 1999.
RECESSÃO
O PIB brasileiro encolheu 0,8 por cento no primeiro trimestre na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Frente ao mesmo período de 2008, a queda foi de 1,8 por cento.
Apesar de ter configurado uma recessão técnica no país, os números foram melhores que a estimativa de analistas e, na opinião de alguns, afastou o risco de uma queda do PIB no ano.
A inflação, enquanto isso, está acima do centro da meta, mas em desaceleração. O IPCA acumula alta de 5,20 por cento em 12 meses, acima do centro da meta de 4,5 por cento.
O BC já reduziu a Selic em 4,50 pontos percentuais desde janeiro. A próxima reunião do Copom está agendada para 21 e 22 de julho.
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